Tatuagens, alergias e doenças. Relação direta? 

As tatuagens são feridas na pele. Independentemente de todos os mitos à volta da arte, este é um facto, e quem faz tatuagens sabe, por experiência própria que é verdade! Mas quais são, afinal as consequências de uma tatuagem na pele e na saúde de cada um? 

 

As tatuagens causam reações na pele? 

As tatuagens podem desencadear reações alérgicas na pele. Contudo, geralmente surgem apenas em pessoas com predisposição para alergias e, mesmo assim, ao fazer um antiinflamatório, a reação passa.  

A causa destas reações alérgicas não surge do processo de tatuar mas antes da composição dos pigmentos utilizados. As tintas que apresentem metais alergénicos, como é o caso do crómio, o cobalto e o níquel, assim como os compostos carcinogénicos, como o cádmio e o mercúrio são as que têm mais probabilidade de causar reações. Porém, é de ressalvar que relativamente a estes últimos, não existem estudos que comprovem que aumentam o risco de cancro.

Quais são as reações alérgicas que podem surgir na pele após realizar uma tatuagem?

  • Eczema: associado a prurido, descamação da pele e rubor; comum quando utilizado o mercúrio e, por isso, mais frequente em tatuagens com vermelho; também pode ocorrer com o pigmento verde, azul, roxo e preto, apesar de menos frequente, consequentemente da adição de componentes a estas tintas; surge nas primeiras semanas e pode durar alguns meses após a realização da tatuagem;

  • Após exposição solar: tatuagens que apresentem cádmio, comum nas tintas amarelas e que pode também estar presente no vermelho, podem apresentar rubor, prurido e descamação quando expostas ao sol; 

  • Reações granulomatosas, liquenóides e pseudo-linfomatosas: podem surgir com o pigmento vermelho e, com menos frequência, com o roxo, verde e azul; caracterizam-se pelo aparecimento de erupções cutâneas, em forma de vesículas e ocorrem passado um grande intervalo de tempo após a realização da tatuagem, podendo ir desde vários meses a anos. 

Por último, é importante falar nos quelóides e nas cicatrizes hipertróficas. Estes não advêm de reações alérgicas, mas sim, do processo de cicatrização. As tatuagens são feridas abertas e, por isso, a regeneração dos tecidos é fundamental. Algumas pessoas podem desenvolver alterações nesse processo, nomeadamente a acumulação excessiva de colagénio o que gera relevo sobre a tatuagem. A diferença entre a cicatriz hipertrófica e o quelóide prende-se com o facto da primeira se limitar à área da ferida e diminuir, à medida que o corpo recupera da inflamação. Já o quelóide, para além de ir além da área lesionada, pode aumentar ao longo do tempo. Contudo, esta reação não pode ser prevista, pois varia de acordo com a predisposição genética de cada um. 

 

As tatuagens promovem o desenvolvimento de doenças?

A resposta a esta pergunta está no material utilizado para tatuar. A higienização do material e o uso de determinados equipamentos descartáveis aponta para um não, como resposta à questão anterior. Contudo, estúdios irresponsáveis e que não cumpram as regras de higienização, esses contribuem para um “sim” como resposta à questão das tatuagens promoverem o desenvolvimento de doenças. 

Este aspeto é importante e é talvez a principal razão pela qual a escolha de um local profissional e qualificado para a realização de tatuagens deva ser ponderada. 

A falta de higienização, assim como a não utilização de agulhas descartáveis ou então a não esterilização do material, são fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças graves, como a hepatite, a sífilis e o HIV. Estas doenças são transmissíveis através do sangue, pelo que, se um doente infetado for ao estúdio e o material utilizado, assim como todas as superfícies que possam conter gotículas de sangue, não forem devidamente desinfetados e/ou descartados, as pessoas que forem depois dele, para além de uma tatuagem para a vida adquirem também doenças para toda a vida! 

 

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